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Cursos de Dança da UFC fecham parcerias com instituições em Portugal e na Espanha para participação em eventos e projetos

Data de publicação: 22 de agosto de 2019. Categoria: Sem categoria

Professores, artistas e pesquisadores brasileiros, participando do Projeto de Pesquisa TEPe, ocorrido em julho, em Lisboa.

O semestre 2019.2 iniciou com novidades no laboratório Midiadança, dos cursos de graduação (licenciatura e bacharelado) em Dança da UFC. Em parceria com a Universidade de Lisboa (ULisboa), os professores Leonel Brum, Paulo Caldas e Thaís Gonçalves aprofundaram os detalhes do projeto Technologically Expanded Performance (TEPe), em viagem a Portugal ocorrida no mês de julho.

Para o mês de setembro está programada outra viagem relativa ao projeto, bem como participação na Bienal de las Artes del Cuerpo, Imagen y Movimiento, em Madri, Espanha. A Bienal é um evento da Red Iberoamericana de Videodanza (REDIV), da qual o laboratório faz parte, que realiza encontros em vários países da América Latina, em Portugal e na Espanha.

Participaram da comitiva, além dos professores, pesquisadores e artistas de outras instituições, como Ivani Santana (UFBA), César Baio (Unicamp), Beatriz Cerbino (UFF), Thembi Rosa (MG) e o cearense Allan Diniz, integrante do laboratório Midiadança (UFC).

Conversamos com os professores Leonel e Paulo a respeito das atividades do laboratório, do projeto TEPe, dos eventos da REDIV e da importância da pesquisa acadêmica para o meio artístico. Confira a entrevista:

Como atua o laboratório Midiadança? Que ações o laboratório realiza?

Leonel Brum: O Midiadança é o laboratório de dança e multimídia dos cursos de dança que conta com o apoio da Secretaria de Cultura Artística da UFC (Secult-Arte), que realiza projetos e se conecta com disciplinas do curso, como “Dança, Cinema e Vídeo” e “Dança e Multimídia”. É um projeto que atua com extensão, produção e também formação. Conta com a participação de estudantes das disciplinas, bolsistas, servidores técnico-administrativos, docentes e colaboradores voluntários. O laboratório atua tanto na Universidade quanto fora dela. Houve, por exemplo, uma oficina de videodança para crianças e adolescentes, realizada por uma aluna nossa, na Vila das Artes. A oficina resultou em dois curtas que foram inscritos e selecionados para o Festival Of Recorded Movement (F-O-R-M), no Canadá. Realizamos também um cineclube itinerante, que já teve uma edição realizada e tem mais três programadas.
Paulo Caldas: O Midiadança está ligado ao próprio Projeto Político-Pedagógico dos cursos, que é muito plural e possui um espaço muito relevante para as relações entre dança e audiovisual, tanto para a licenciatura quanto para o bacharelado.

E como se deu a parceria para realização do projeto TEPe?

Os professores Leonel Brum (UFC), Paulo Caldas (UFC) e Thaís Gonçalves (UFC), e os artistas e pesquisadores Ivani Santana (UFBA), César Baio (Unicamp), Beatriz Cerbino (UFF), Thembi Rosa (MG), e Allan Diniz (laboratório Midiadança UFC), em julho, participando do Projeto de Pesquisa TEPe, em Lisboa.

LB: O projeto surgiu durante meu pós-doutorado em Lisboa, pela abertura de um edital que permitia articulações entre Brasil e Portugal. O professor Daniel Tércio, que possuía um projeto de pesquisa na área, realizou o convite e foi iniciado o projeto. O TEPe surge, então, em 2017, tendo financiamento da FUNCAP (Brasil) e FCT (Portugal) a partir de 2018.
PC: É importante ressaltar que se trata de um projeto de pesquisa, muito aberto, no sentido de que as metodologias e os processos foram desenvolvidos conforme a pesquisa avançava. O ponto de partida é a necessidade de pensar as cidades Lisboa e Fortaleza a partir das ideias de intervenção urbana e sonoridade. Nesta viagem de julho transitamos por Lisboa a partir de um roteiro paraturístico, que constou com pontos turísticos, mas considerando outras abordagens, e levando em consideração as soundscapes, ou “paisagens sonoras”.

Quais as etapas seguintes do projeto?

PC: O próximo capítulo é Fortaleza. Estamos planejando que tipo de propostas podemos fazer, pois há alguns desafios. O desenho do projeto é diferente em Portugal e aqui, os orçamentos são diferentes, não é um projeto espelhado. Em Portugal, por exemplo, há uma previsão de verba para artistas locais, e não temos o mesmo aqui. A intenção é criar um espaço produção, criação, pesquisa e difusão de conteúdo, que por ora está mais garantido em Portugal que no Brasil. É importante ressaltar que a relação de pesquisa Fortaleza-Lisboa não é a única que está surgindo neste projeto, pois há pesquisadores e artistas em outras cidades que estão envolvidos, o que cria um circuito de trocas dentro do Brasil, entre estas instituições.
LB: O planejamento é que em março venha uma missão de parte da equipe portuguesa ao Ceará. Em setembro, eu volto à Lisboa também para que possamos refazer e repensar o projeto para os próximos dois anos.

Qual a importância da pesquisa acadêmica no campo de artes?

PC: A pesquisa em artes possui um estatuto acadêmico tal qual uma pesquisa científica. Pensamos, no processo, que outros suportes a pesquisa pode produzir, não apenas suportes e formatos artísticos, mas também materiais acadêmicos. O desejo é partir do contexto acadêmico, nas instituições participantes, juntar, pensar, problematizar e criar arte.

LB: É interessante que, no projeto TEPe, temos alguns pesquisadores que são artistas e outros não. Mas o processo em si é muito semelhante ao da pesquisa científica: você segue a pesquisa, aprofunda e cria. No meu mestrado, eu estudei pesquisadores das chamadas ciências exatas, como física e matemática, e também artistas, e os processos de criação são muito semelhantes.

Como foi a criação da REDIV e como ela atua hoje? Como o Midiadança se insere nesse contexto?

LB: A REDIV tem suas origens em 2005, quando foi feito um circuito de videodança do Mercosul, que evoluiu para um fórum latino-americano de videodança. A partir de 2016 foram incluídos Portugal e Espanha, transformando-se na Rede Iberoamericana de Videodança. A partir desta junção de vários festivais nos países participantes começaram a surgir vários projetos colaborativos. A Bienal das Artes do Corpo, Imagem e Movimento é resultado de um destes processos colaborativos. A Rede tem quatro categorias de participantes: os festivais de videodança que compõem desde o fórum que deu início à REDIV; os festivais aderentes, com menor participação; os projetos acadêmicos, categoria criada em 2018; e os colaboradores que não representam festivais, sendo pesquisadores ou artistas independentes. O Midiadança entra como projeto acadêmico.
PC: Agora em 2019 completa-se o centenário de Merce Cunningham, um dos mais importantes coreógrafos do século XX, e um dos precursores da videodança. A REDIV formou uma parceria com o Cunningham Trust, fundo que representa o legado do artista. Através disso fizemos alguns trabalhos, como uma programação que irá circular pelos festivais da Rede, com material cedido pelo fundo; e a produção de um catálogo sobre o coreógrafo, com mais de 250 páginas que incluem artigos e ensaios de pesquisadores estadunidenses, que está em processo de impressão da versão em espanhol e será traduzido também para o português. A inserção do Midiadança na REDIV é importante pela demonstração do espaço que se abriu no contexto acadêmico para a interação entre vídeo e dança, que, como já disse, se reflete inclusive no Projeto Político-Pedagógico dos cursos. Outras instituições com cursos de dança também caminham nesse sentido, e os festivais desta linguagem têm demonstrado a força da produção universitária sobre o tema. Isso significa maior circulação destas produções, tanto nacional quanto internacionalmente.

O que é a Bienal das Artes do Corpo, Imagem e Movimento? Qual será a participação do Midiadança na Bienal?

LB: A Bienal não se resume apenas à videodança, abarca também espetáculos e performances que usem tecnologia em outras formas, já no próprio nome isso fica evidente. Na curadoria há uma pessoa de cada continente, e em separado para América do Norte e América Latina, cada uma apresentou três artistas de seu continente que lidem com arte e tecnologia, e um de cada foi selecionado para ser homenageado. A Bienal parte destas homenagens, que foram fruto de um processo de debates entre os curadores. O Seminário da Bienal, que estou coordenando, é resultado destas discussões. Esta edição será o “ano zero” da Bienal, e a primeira Bienal de fato, ampliada, será em 2020.

(Por Bemfica de Oliva, bolsista do Projeto Laboratório de Produção Cultural do ICA. A entrevista foi editada para fins de clareza e tamanho)

 

 

 

 

 

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